23 de fevereiro de 2011

O Xadrez Bizantino da Publicidade






Quando finalmente as portas se abrem um teatro épico é reerguido com convicção. “En passant”, na conversão de um só golpe, quando pedras simulam uma guerra, Rei versus Rei dá empate.  Em meio a buscas de inúmeras vitórias e na difusão comercial de produtos, semelhante a uma pequena estatueta decorativa, homens são apenas mais uma peça de marfim no tabuleiro circular de um fantoche.


Encurralado pelo rei branco e pelo rei negro, num conjunto de operações zerado para se deslocar a tropa da forma como quiser, esta é uma das poucas coisas positivas que a vida desregrada dá. No meio do jogo de interesses o desinteresse é a melhor artimanha dos mais interessados. Mas é permitido agir assim somente quando este gesto não fará perder a oportunidade.

Sobre as Leis de Gravitação do Varejo nas regras do FIDE, o conjunto negro e o conjunto branco obedecem irredutivelmente ao modelo de Staunton, porque, quem sempre põe os seus desejos a mercê do destino corre o grande risco de nunca ter um pedido realizado. Neste caso, um olhar genial pode ser brilhante quando se usa óculos.

Nas dimensões dos negócios, a estratégia e a influência do jogador não podem apenas ter fins lucrativos. Elas são o próprio jogo no seu trabalho artístico, concentrado na crítica ao desenvolvimento das relações humanas, no sistema capitalista reproduzidos por meio de táticas militares.

Um pensador prático sempre cria e recria as suas peças baseado em experimentos sociológicos de como pode vir a ser a jogada. E no intuito busca incansavelmente aperfeiçoá-los na luta do raciocínio contra a lógica. Pois é antes dela que toda a sua teoria pode ser exposta.

O cunho narrativo de cada manobra somente se completa na transação quando surgem, em permuta de rodadas, um que apresentava e outro que era apresentado. E nas sublinhas o perdedor nunca deve andar e chorar como uma mulher, mas como uma determinada.

É importante que a "encenação" do marketing, da propaganda e da publicidade tenham textos com pinceladas brechtianas. Em meio a tensão da transferência de valores é só através da atitude dos jogadores, do tic-tac do relógio e até mesmo do silêncio, que seu pensamento pode se completar, ao transformá-los em elementos culminantes na causa do efeito desejado. Do contrário, não se terá impacto.

O conceito de gestus na interpretação e montagem de seus planos foi a técnica estrutural mais natural na prática de combate do grande arquiteto. Pois se vivemos em um mundo de segredos interligados, podemos morrer a qualquer momento em que essas rotas se cruzam. 

Pensar em todos é a única maneira de manipular o jogo fazendo uns destruírem aos outros ao mesmo tempo em que cada um sairá beneficiado. Portanto, cada ação deve ser executada em um lance que surta efeitos positivos para os dois comandados. 

Na transmissão de um falso otimismo Maquiavel foi considerada maquiavélica após o cumprimento da missão dos assassinos crédulos. Sun Tzu foi contextualizado, Adam Smith pode até ter cometido alguns despautérios, mas a culpa é da Dinâmica dos Governos por já estar defasada.

Precisa-se de um novo déspota para manter o mundo funcionando e não um messias para tentar consertá-lo. Retificado o mundo corre o sério risco de parar. Correlação ao Pacto Social, não se pode mais ser descente e muito menos ficar na espera de ser despretensiosamente presenteado. Mas de vez em quando, há de convirmos com um descanso necessário. Os tubarões que se preparem. Bertolt Brecht!


Ricardo Magno









16 de fevereiro de 2011

Miami




Mais um final de semana escaldante no tradicional vôlei de Pompano Beach. É verdade! A vida ri para nós. Qualquer festança em Punta de Leste perderia feio para Palm Beach. E o Jim Morrison? Foi para o oeste fazer faculdade de cinema e tentar se livrar do conflito clássico que todo escritor tem com a sua cidade. Curtia tanto LSD nos finais de tarde à beira da praia que nem era mais capaz de discernir se eram as ondas que balançavam, se seu pescoço estava quebrado ou se estava dentro de um carro passando por milhões de quebra-molas. E mesmo assim eu admiro muito o Jim Morrison.

Quando eu ainda nem era criança, em meio a um momento alucinógeno acompanhada de uma das maiores bad trips da história fonográfica, ele baixou as calças e fez toda uma platéia drogada entrar em ilusão coletiva ao pensar terem visto as suas partes baixas. Mesmo assim eu respeito o Jim Morrison. Escrito e descrito no Livro dos Sábios, profeta não tem valor estando na sua própria terra. E eu não estou falando do dicionário.

O retorno é para aqueles que um dia foram embora. Quem sempre esteve aqui não precisa voltar. Pois desde o final da infância, em meio as paredes tímidas da sala de aula, eu já era o Imperador da escola e ela já era um sinônimo de vida, a Imperatriz de minha cidade. Então eu sei que ela sabe que eu sei que ela sabe que ambos têm conhecimento! É que o coração, em qualquer que seja a situação, sempre fala mais alto em uma linguagem que ninguém entende.

O que restou daquela época foram lembranças em forma de grãos de ouro que não se esvaem com o vento de um verão elétrico próximo ao mar azul do Caribe com músicas de fortes batidas regado com muitas doses de Tequila e charutos cubanos a velar casais bêbados em uma cama embriagante nas dunas dos Lençóis Maranhenses repatriado pelos goianos. Até o Fidel Castro foi algumas vezes lá só para me ver observá-la de longe enquanto ela achava que ninguém a percebia, in off! Conversas trocadas pelo MSN.

De lá para cá, no filme que se repete constantemente dentro do meu cinema, várias vezes foi vendida a mesma televisão só para eu ter a oportunidade de vê-la mais uma vez ir comprar pão enquanto me afogo no oceano da saudade em meio a frases com palavras baratas a ouvir o maior hino de amor dos pseudos intelectuais, o Último Romance dos Los Hermanos. Pois todos a percebem onde quer que ela passe, wonderful tonight!

Para os colonizadores espanhóis, um nome sugestivo para jardins floridos, Flórida! É que desde quando inventaram o Zé Carioca, eu já havia colocado um pé em Orlando. Embora meu coração bata forte pela perversão da Cidade dos Anjos, é na Walt Disney World que o Mickey Mouse até hoje samba sobre o meu miocárdio. E lá também existe a estética dos cirurgiões plásticos doidões que fazem qualquer incisão de correção em unhas encravadas apenas por dinheiro fácil em busca de narcisismo exacerbado. Na cidade de Porches e Ferraris, Californication! Mesmo assim o Hank é imbatível.

Esqueça Ibiza ou Saint-Tropez. Tampe os ouvidos quando ouvir falar de Cacún! Pedro Kraytos! Por favor, continue prendendo os prefeitos. Pois no meio do ano eu já estou indo para a ilha CSI versão SLZ me tornar o grande homem que eu sei que sou e que sei que ela me fará ser quando estiveres em definitivo do meu lado. One, two, three, four... samba ao invés de rumba.

No compasso do drum 'n' bass californiano, em uma espécie de Los Angeles decaída de todos os anjos, meus olhos ressacados te procuram enquanto sai fogo do encontro da lente com os raios. No entanto, nada disso me importa, pois me sinto maravilhoso de tão longe logo ser irradiado pela luz do outro lado do Atlântico. E a grande maravilha disso tudo é que só você não percebe.

Enquanto isso! Miami, me ame. Ohhh... Trocadilhozinho pobre! Mas eu não poderia deixar de tê-lo feito.


Ricardo Magno










9 de fevereiro de 2011

Odile e Odette







Quando o príncipe não sobrevive é chegada a hora da morte anunciada. Quando um rei não reencontra a sua rainha, cisnes brancos se transformam em nevoada. Com o falecimento do coração, assim pode ser decifrada a maior cosmogonia do sentimento.

No pas de deux do corpo com a alma, ambas esperam ansiosamente pela nossa chegada. E se os vassalos viraram suseranos, pena mesmo dá é de um tal de príncipe Siegfried, que sem saber, optou em casar-se com um fantoche por não reconhecer a sua princesa no mais belo dos lagos. Pena mesmo eu tenho é de um tal de Siegfried!

A princesa Odette e todo o seu séquito, presas sob a forma de uma ave de rapina, de imediato, enfeitiçadas pela beleza da espécie, quando o próprio príncipe, sem saber, decidiu caçá-las. Mas agora é somente na dança com o cisne negro que se decidirá todo o tipo de sorte da realeza e a sua amada.  

Para se vingar dos dois, um velho mago então decide inundar as margens sujas do charco, no qual Odette e as suas donzelas logo se transformariam em cisnes. Então o príncipe tomado pelo desespero de perder a amada se afoga nas profundas e turbulentas águas do lago dos cisnes. O príncipe não sobrevive. Então é a morte de amor!

Surge assim a grande explosão do fenômeno da degradação das linhas espectrais da luz de duas almas até, propriamente dito, alcançar o efeito Doppler do mais extremo ao absoluto resultado das lágrimas. Como a essência prescinde de provas e demonstrações concretas, foi através daí que pela primeira vez o universo de duas pessoas teria tido um início e fim por intermédio repentino de uma grande explosão épica.

Foi aí que os corpos celestes dos amados seguiram progressivamente se afastando um do outro para o nada, um do reencontro com a vida e o outro sendo rompido pela morte; com o que facilmente se conclui que, em algum dia, há muito tempo atrás, todos os universos capazes de existir dentro destes seres já estiveram contidos em um único ponto final, e de fatalidade.

Traduzido em números pelos astrônomos do interior, a deduzir-se em uma progressão aritmética que mais tarde foi chamada de Constante de Hubble, que até hoje é a régua cósmica utilizada para confirmar as teorias dos cosmólogos, dentro de um mundo inteiramente perdido por entre o desespero e o sentimento de perda do agora, da amaldiçoada alma restante desumanizada.

Além da origem física a partir da matéria inanimada de dois seres, ocupa-se também a origem da vida, na questão do mito, como um relato de histórias em um universo puramente fantástico, onde o casal nobre e real um dia teve o simples e mais mortal dos mortais desejos de apenas poder firmar a sua prole.

No entanto, até acontecimentos históricos podem se transformar em lendas, se adquirem uma determinada carga simbólica para uma dada cultura sendo arquétipos comuns para a humanidade toda como o ovo cósmico ou um deus qualquer assassinado.
Num processo de procriação comum a partir de Apsu e Tiamat, acabaram por criar em seis dias os seis deuses que representavam os principais fenômenos do universo; por sua vez, a consolidarem o restante do mundo, a iniciar por Marduk, que depois de derrotar Tiamat, criou a terra com as partes desmembradas de seu corpo e os homens com o seu sangue.
Assim é o elemento masculino das águas doces na junção com o feminino que representa o oceano e o caos. Eles geram um filho que não pode ser nada mais, nada menos do que a morte como a forma, meio, início e fim de todas as tragédias verdadeiramente amorosas.


Ricardo Magno

1 de fevereiro de 2011

O Irlândes do sul do Maranhão




Match Point! Foi no mesmo ano em que a palavra “menos” mudou de gênero e virou um advérbio transexual, que ele resolveu mudar de ares e partir para a Londres goiana.

Ao cansar de ler Dostoievsk, acabou se interessando por saber se já “CRIARE” pentelhos no saco. Pois aqui não está se falando de uma nova loja de artigos mobiliários a guarnecer as residências humanas seguramente desde o período em que o homem era macaco.

Crime e castigo morava na cabeceira da cama quando ele foi promovido a gandula do Vila Nova. Mas a vida é assim mesmo! Às vezes quem começa por último fica rico primeiro. Pois o mercado, igual a bolsa de valores, ainda não foi decifrado como uma ciência exata.

O neolítico Uxbal tinha uma vida dura pra caramba e um câncer de próstata que entupia o ânus e competia com o saco. Por isso ele resolveu trabalhar em Los Pampas de uma churrascaria lá pelas bandas do planalto e disfarçar a fome do setor central começando por agir como um cidadão honrado, não menos no estilo de coitado, o Joseph Climber maranhense!

Cansado da política cósmica, logo foi chegado o fim da parceria com um mundo impróprio a si mesmo. E por intermédio desta atração “Climberiana” que o regia especialmente pelas redes das tramas misteriosas que norteia a vida maldita de alguns homens, a sorte e a oportunidade lhe passavam longe.

Mas como se isto em nada ousasse envolver os novos rumos da galáxia, fundado pela astronomia e a nova casa serpentária a povoar a superstição mundana em que cada um é traído pelo zodíaco; talvez não muito por isto e nem pelo aquilo, a vida de Uxbal desmoronava “astro-ilogicamente” igual a maior de todas as Torres Babilônicas.

Enquanto ele era regulado por esta força que é a razão de ser e fim para as relações e ações humanas; dentro de si, a infinitude que habita os cantos mais obscuros da mente, o faziam se expressar “nesse universo” cheio de conseqüências e modos de ver e pressupor a metafísica para o homem como a “razão de ser e agir” justificadamente pelos desfeches de seus tramas medonhos onde fatalmente culmina cada indivíduo.

Já há muito, onde o espiritual manda; o místico e obscuro arquitetavam nas estruturas anímicas deste homem para mediar a relação de todos os pequenos seres e seus micromundos na totalidade da alcova que constitui a formação da personalidade do nosso tragicômico.

Um coadjuvante da própria história. Agora, em seu próprio mundo, o desejo controlador da sobrevivência desesperada junto da sensação da última carta acabou se tornando cada um em um nos porta-vozes da redenção humana no qual sofria calado e alheio de si mesmo, o nosso pobre “Biutiful!”.

Como se tornar bem sucedido e alcançar a totalidade da maioria de todos esses sentidos se em suas veias não pulsava o sangue empresarial?

Mais uma vez os magnatas estavam no poder. Pois dinheiro tira o homem da miséria, mas o cú ainda fica cheio de merda. Em meio ao drama, tenta-se ver e não se ver nada, exceto a bunda toda melada daqueles que se dizem melhores só por estarem levando pelas costas como uma espécie de resposta automática da causa-consequência de estarem na frente.

Cadeia e favela são o papel bombril para o rabo do pobre. Cercado em uma cela por toda a espécie de bandidos, gays, heteros, meliantes, biscates, cafetões, travestis e prostituídos; ele relembrava a festa passada, pessoas bonitas... Coisa de gente rica! Mas agora, depois do último tapa; cadê os amigos? Onde estão as mulheres!

Mas desta vez Uxbal tinha se livrado da prova do crime e o anel acabou caindo do lado errado. Brincou de jogar tênis com pessoas inadequadas para se tornar uma espécie de Gatsby imperatrizense. 

E se para que as coisas aconteçam basta apenas que elas aconteçam; do contrário, mudanças de atitudes são necessárias. Pois os homens falam pelas suas cidades e as cidades falam os homens.

 


Ricardo Magno